quarta-feira, 20 de junho de 2018

A coisa que meu pai mais gosta de fazer na vida é pescar.
Se misturar com a água. Mergulhar e segurar o fôlego. Pegar o peixe com o mão e deslizar na correnteza como quem sabe o caminho do rio.
Ele fala pouco com desconhecidos. Nada em rio caudaloso com cuidado. Volta pra casa com peixe fresquinho.
A segunda coisa que meu pai mais gosta de fazer na vida é ser meu pai.
Olha, o amor do meu pai tem uma forma comovente que dura no tempo combinando firmeza e ânimo.
Meu pai queria ser sanfoneiro.
Meu pai foi vaqueiro.
Meu pai vive há mais de 40 anos de distância do lugar que ele queria ter ficado, cuidando da roça e dos animais. Eu sei as histórias mais bonitas e fantásticas vividas na fazenda "Boa sorte" - e em outras de nome que não guardei.
O Teo vive há 3 mil km de distância do meu pai.
Mas, eu carrego meu pai comigo, vou sendo ele pelo mundo já que ele não sai do Ceará.  Tudo que ele (e mãe) ensinou, toda cidade que morei e todo caminho que andei é ele sendo junto.
Deus queira que o Teo possa experimentar a boa sorte de ser um pouco sanfoneiro, um pouco vaqueiro e um pouco pescador pela boa sorte de ter um avô que sabe contar as melhores histórias que escutei na vida e que tem um colo que abraça como rio.
Eu to chorando, mas é de amor...