quarta-feira, 30 de maio de 2018

Escutei alguém dizer que há ideias que se esvoaçam e de improviso pernoitam em uma comunidade.
Imagine você o arroubo que ganham encarnadas em correios de tímidos e exagerados.
Como tudo que é compartilhado tende a construir a realidade, vão largando da ideia de serem ideias e passam a conceber novas gentes.

Era um elogio essa frase que escutei. 
Quem a falava pertencia a outros tempos.
A única intervenção que nos atingia vinha do mar que sacudido consentia à água ocupar as calçadas mesmo antes das chuvas. E nas chuvas, depositava mais areia que água.
Era de outra cidade que falávamos. 

Deve haver uma geografia no tempo.
Tempo de planalto, tempo de declives...
Uma paisagem política para um momento compartilhado. 

E eis que estou aqui caçando entender seus sinais e predizer os ancenúbios que transfiguram os tempos de depressão em tempos de vales.
A descompostura da terra árida que apenas observa o abeiramento do vale sobrevir.

Brotará olho d'agua.
Me designo olhar para o rio que vai existir. 
E quase entendo que o importante é fazer correr a correnteza. Os remanescentes residentes da depressão reconsideram morar próximo ao riacho.
E ao carregar ideias incomuns, escolhem as extraordinárias, justo aquelas que não espichavam nos tempos de chão árido.

Nos tempos de vale, haveremos de providenciar botes.
Navegaremos.
Iremos até outros relevos enxeridos para com o justo. 
Chegaremos ao cume de onde avistaremos o fundo côncavo e escolheremos não ficar se não estão todos. 
Retornaremos sem revir e a erosão do curso do água terá feito do estreito descampado (em tempos de depressão) um planalto alongado em que as águas e o brio circulam. 
Será de outra cidade que falaremos.  

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