sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"Coma deste sal comigo..."

Ontem assisti o espetaculo Memorial. Inusitado. Não pretendia me jogar nessas reflexões esses dias. Mas, nao tive opção.
Memorial foi estrategia para guardar minhas lembranças. Lembrei tudo. só agora me dou conta.
Eu falo aos mais chegados que tenho uma disfunção... eu sinto saudade antes da hora. Recebo a noticia que alguém vai viajar, e eu ja estou com saudades um mês antes. e ainda nem foi. Não fui ver o filme que gostaria, e eu já estou com saudades do sábado no cinema que nem aconteceu. Poderiamos analisar isso como: ansiedade. mas, num sei dizer direito o que é. ainda acho que é além disso.
Qual a matematica funcional, filosofica e neuro cientifica das minhas lembranças?
Eu preciso entende-la. Eu não tenho memória. Se esqueço, nem lembro que esqueci. As coisas simplesmente deixam de exsitir, não importa o esforço que faça, se eu nao lembro neste minuto, nao lembrei quando passarmos para o próximo.
Mas, as vezes até acho que lembro demais...
Não possuo nenhum poder de coerçao sobre meu guardador.
Eu digo: quero esquecer isso. Quero esquecer isso. Ele me ignora.
digo então: E isto? Isto, eu quero lembrar pra sempre, ouviu? Ele me ignora.
Íncrivel pensar a gravidade desta ineficácia de ordens. se lembrar interfere em todo o resto.
Quem será que escolhe o que vou conseguir recordar?
O meu lado direito do cerebro? o esquerdo? um grupo de cientistas que fazem comigo o show de Truman? a Matrix? O grande irmão? O ego? o Self? O professor Xavier? Afinal quem apagou a memória do Wolverine? [são muitas dessas possibilidades que devo levar no esquecimento, inclusive a verdadeira]

É fato que, neste episódio, uma das possibilidades levantadas me assustou. já tenho por certo que lembro de coisas demais. mas, dei-me conta agora que minhas lembranças também estão nos outros.
Isso é mais assustador que os outros vestígios que me conduziam ao alvitre. Eu estou por ai. e outros aqui. e ta cheio.

-"Coma comigo deste sal." [para distrair-se do peso do que vou lhe falar e você possivelmente não poderá optar se vai lembrar. no entanto, há a esperança de lembrar mais do sal.]

5 comentários:

Joice Nunes disse...

adorei esse texto!
tô acompanhando cada post
cada passo
te amo,

Teresa Maia disse...

te amo. também.

Unknown disse...

ops! segurando vela aki!

:P~~

Ana Nobre disse...

... esse tal de sofrer por antecipação. uma falta de controle súbita, mortal dos sentimentos solidificados nas lembranças.
vou lendo e me sentindo um pouco aqui também.
a (com)partilha.

Teresa Maia disse...

Lembrava mais do passado que do presente. Morreu empoeirado.

(Roberto Prado)